segunda-feira, 30 de março de 2009

alma livre

Molho a imaginação
no mar de desejos
suaves e agrestes

Solto gotas fecundas
em viagens deslizantes
embaladas no imaginário intemporal

Oiço volteios saudosos
sequiosos de mel e sal
loucos... teimam em gritar

A força de palavras sussurradas
nas promessas lançadas ao espaço
trespassando couraças invisíveis
de ataduras parcas de riso

E navego, muito além
sem vela, sem dono
desatando trovas por nascer
criando novas moradas
por ti

Alma livre

ruisantos

quarta-feira, 25 de março de 2009

fugas

escapar
do real banal
dos laços do finito
da medida comprada
na emoção contida

escapar
da necessidade urgente
de viver sem saber
quanta noite vai sobrar
quanto custa adormecer

escapar
de voltar a ser
uma ilusão banal
sequiosa de viver
um sonho irreal
numa cama por fazer

escapar
para além do sentir
que ecoa na certeza
que escapar
é partir

escapar
é a leveza do ser
quando nos quer dizer
que escapar
é viver

ruisantos

terça-feira, 24 de março de 2009

liberdade

como um rio que corre para o mar
sem saber a razão
como o vento que dança sem lar
vagueando sem direcção
o homem que quer voar
sente, vive, grita
chora...na emoção
rs

sexta-feira, 20 de março de 2009

gostos

Gostava
de estar ali
pintando nuvens
de cristal clivado, em gotas serôdias

Gostava
de desligar pensamentos
que zoam em trilhos
de cansaço de inútil

Gostava
de ver o dia virgem
invés de um eco
de ideias clandestinas, redundantes

Gostava
de aceitar a complexidade
dos tempos cruzados
como pontos de rectas
oscilantes e fechadas

Gostava
de ver o fim
a uma rede cozinhada
de cobranças infinitas
de imaginação dúbia

Gostava apenas
de estar aí

Fazendo vida

Rasgando estrada

ruisantos

quinta-feira, 19 de março de 2009

da noite

palavras que a noite trás
por não as poder guardar
passeiam pelos dedos
molhados no mesmo mar

rs

formas

mais se diz
no silêncio de um olhar
que no turbilhão de palavras
ocas

rs

pingos

saudades
são os pinceis do tempo
pingando histórias
azuis

rs

quarta-feira, 18 de março de 2009

descobertas

em momentos sigulares
de frescura derretida
numa fenda do tempo
somos errantes vagabundos
na descoberta contínua
de trilhos por percorrer

rs

somos

somos
fugazes nuvens
em desvairados devaneios
de sol e mar

somos
errantes vagabundos
em descoberta pulsante
de mapas por traçar

somos
rios de palavras
suaves e roucas
colhidas, num desejar

somos
a dor da distância
tecida na partida
quebrada num voltar

somos
uma das formas
singelas e parcas
do verbo
amar

ruisantos

quinta-feira, 12 de março de 2009

rugas

nas rugas e asprezas
talham-se pedaços de saber
são cicatrizes compradas
que a vida quer vender

rs