domingo, 7 de março de 2010

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Manta curta

o dia era manso,
a noite bocejava
pensava
como os embrulhar
e come-los
mais tarde

depois
da penumbra adormecida
vieste
de névoas inconformadas,
saiste
minhas seguras ataduras
despiste

então

perdi o dia rente
fintei a noite rasa
na tua seiva luxúriante
encontrei-me sedento
de estrada e casa
rimos na descoberta
das montanhas por escalar
e percebi
sempre esperei por ti

trocamos saberes de sabores
sentidos
troçamos da noite néscia
e dos que não riem da incerteza
pesámos a sua esperança
era vazia, informe

e

embrulhados numa manta, curta
vestimos os dias em panóplias de cor
e quando parámos o tempo
foi tempo
de fazermos amor

Hoje

te dou
tudo o que sou
como te dás
tudo o que és

complementos da mesma pedra
somos
seremos

Rui Santos

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Não sei

Estou cansado de esperar
não sei ler entrelinhas

Estou cansado de ouvir o eco
não sei travar o som redundante

Estou cansado de equilibrar a incerteza
não sei beber sem derramar

Estou cansado de içar laços cinzentos
não sei rir sem motivo

Estou ávido de migrar ousado
não sei nadar em círculos

Estou ávido de justiça
não sei ler metades

Estou ávido de conteúdos
não sei fazer embrulhos

Estou ávido de ti
não sei voltar atrás

Rui Santos