terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

soprando amarras


que é feito?
de mim
e das certezas inúteis que me saciam

que é feito?
dos doces recantos
barrados em sorrisos aparentes
expectantes nos vazios de silêncio

que é feito?
do conforto conformado
na contrariedade assumida
fluindo, na mestice de dias pares
já roído pelas cãs de surdos anos

que é feito?
de quem fui
jovem inebriado, riso rasgado
simples, ousado
liso de medos, nas vitórias por vencer

nas dores, paridas de sonhos
semeei novelos de ilusões
descalças
ásperas, cortantes
que me deram?
marés de vazios
sorvedoras de gotas matinais
pequenos nadas, gritantes
coados, pela brisa do ocaso

fui
porto de abrigo
seguro e seco
letras de palavras
roucas de loucas
muralha serena
tecendo a vida

vida
trocada por vida
trocada por tudo
trocada por nada

tenho
chão por cama
saco por mesa
tenho mais
tenho a certeza

certeza
de te ter, sem ter
de sentir, sem te ver
és
a luz, no espaço
um sorriso, um abraço
a paz, emoção
o desejo de ser
um momento sem tempo
a arder, no chão

pensamentos singelos
soltam-se
em tarde fácil
sopram suaves segredos
desnudam
pedaços de alma


ruisantos

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

excessos

sentes
em derrames de ousadia
sorves dias excessivos
permutas saberes de sabores
em cambiantes de sal e riso

soltas
ígneas panóplias sussurrantes
de leves ânsias incontidas
espraiam sentidos silibantes
em esparsas praias perdidas

és
doce tentação
viagem alucinante
momento de mar
lanças sedução
no vento abrasante
liberto, e por soltar

ruisantos