quinta-feira, 14 de maio de 2009

Felicidade, definindo o possível


A demanda da felicidade é uma saga de muitos capítulos que penso nunca ver o seu fim. Tal pote de ouro, no fim do arco-irís.
Como encontrar algo transparente, diáfano, sensível, que se escurece e intimida com um arcar de sobrancelhas?
Como fechar em local seguro o que se renova diariamente, sob pena de murchar e perder a voz?
Felicidade, uma definição impossível, no entanto, a razão da nossa existência.
Como tudo, o que depende do ponto de vista do observador, poderá ser relativo, ou não.
Para uns, é manter a cabeça á tona de água, respirando apenas.
Para outros, férias no fim do mundo, concretizando sonhos, de anos de privações.
Para outros, um pouco de paz, pacatez, segurança e uma vida com objectivos e metas.
Dentro da relatividade da vida, vivemos momentos absolutos que não se repetem nem se prevêem.
Sentimos em cada poro da pele, a gota de suor que derramamos, na busca do momento supremo de amor, vitória, alegria, realização pessoal ou simplesmente, o conforto da paz.
Momentos felizes, sem dúvida que os há.
Talvez a felicidade, seja apenas isso.
A soma de casos felizes.
Momentos coloridos, que se projectam na continuidade da sua história.
Sobre cacos, feridas e desvarios. Sobre sonhos emoções e ilusões. Sobre pinceladas azuis de esperança, como que, se renovando e revivendo.
Diria que a felicidade é uma escada, que se sobe, degrau a degrau.
Degraus, frágeis, que se quebram, com o peso da dúvida.
Degraus, que por vezes, nos são retirados sem aviso, sendo a queda grande e sofrida.
Degraus, de tão gastos e puídos pelo uso, que já não acompanham o peso de um pé, numa vontade viçosa.
Galhos de uma escada, que tenho subido e descido, sempre que relativizo o impossível.
Como entender que tenho a relativa certeza absoluta do amor? Ou, possuir uma não certeza, de ser correspondido?
Como se edifica na insegurança?
Assim é a felicidade.
Ou é, ou não é.
Dos cinzentos, que a vida me impõe, estou servido. Não quero semear o que mais tarde irei colher a contragosto.
Felicidade, sim.
Mais ou menos, não.
Felicidade, é uma flor que murcha, com a turbulência da dúvida, e floresce, com a rega da certeza da esperança, de ser feliz.
Por vezes, penso em quem não se atreve a sonhar, em quem fica na certeza vazia, do dia que se repete.
Em quem tem medo, da dor de ser feliz. E revejo os meus dias de sufoco e impotência, afundando-me num poço negro, que se fecha e engole.
Tempos confortáveis de nadas, deitados em coisas nenhumas.
Vidinha de uma vida que corre.
Felicidade.
Tem de ser absoluta. Uma entrega total, para o seu retorno ser, total.
Definindo o impossível, diria.
Felicidade, é a flor, absolutamente maravilhosa, que se colhe, de uma vida relativa, que flue, sem parar.

RuiSantos

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