terça-feira, 14 de abril de 2009

reflexos de sol, em ti



M,
Estou aqui sentada na esplanada, apanhando o sol da tarde, olhando as águas azuis e tranquilas do Tejo, vendo os veleiros chegarem e partirem. Debaixo da esplanada flutuante a água é verde e nela nadam pequenos peixes em cardumes. À minha frente, dois apaixonados trocam olhares de fome e desejo, deixando que as suas mãos se toquem quase distraidamente. O calor do sol aquece-me e tranquiliza-me. Sinto apenas a tua falta … das estrelas que brilham nos teus olhos, do teu sorriso aberto, da tua voz lenta e profunda, dos teus lábios frescos e carnudos e desse teu narizinho delicioso.
Fecho os olhos e evoco a tua imagem … já a conheço de cor. Lembro-me das tuas mãos , as quais nunca sabem bem onde se colocar, das tuas pernas macias e musculadas, da forma como fechas os olhos mantendo-te sempre nervosamente alerta. Raramente em paz, sempre preocupado...meio ausente.
Vives intensamente, sempre sem tempo, correndo tímidos riscos, provavelmente para te certificares de que continuas vivo. Como gostaria de te oferecer paz, de que aprendesses a saborear a tranquilidade e o silêncio. Eu sei que saberia ensinar-te, mas a tua vida está traçada para viveres a correr sem olhares bem o que se passa em teu redor. Até os teus prazeres são rápidos e intensos...cronometrados.
Serás feliz? Será que algumas vez pensaste nisso, será que alguma vez te atreveste?
Bem sei, talvez melhor que ninguém, que a felicidade é efémera, mas sempre existem momentos...momentos inéditos e deliciosos que não se compadecem com o relógio.
Somos tão diferentes...


MP

2 comentários:

Xico disse...

Foi

Em saude escrito o aqui dito, com
enlevo de saudade. Firmes as palavras. Doce o pensamento.


Xico

Narciso disse...

Palavras que escorrem com fluídez,
perdido neste encanto de encantar.