sábado, 9 de maio de 2009

Lições de Vida



D,
Amiúde vou pensando em si. Uma lição sobre como uma vida fácil e descontraída, de repente se transforma num pesadelo difícil de desembrulhar. Uma lição sobre a importância e efemeridade do “fácil” e sereno, e da pouca importância que lhe damos até ao momento em que o perdemos.
O seu é um trajecto que terá sempre que trilhar sozinho. Não tenho ainda a certeza se já o percebeu, mas não existe companhia possível neste seu caminho, apenas presenças, cais onde atracar para descanso. Nada mais na vida será simples ou gratuito, pois a partir dos 40, tudo se paga, de uma ou outra forma. A vida tem sempre um elemento de justiça impiedosa, onde acabamos por perceber que tudo se paga...todos os pequenos erros e percalços, todas as facilidades, todos os gestos irreflectidos.
Cruel? Talvez, mas eu penso apenas que o mundo possui uma implacável justiça intrínseca, pois com o nosso fim, nada mais existirá senão cinzas esquecidas, por um mundo que continuará sem que a nossa falta seja sequer sentida.
Espero sinceramente que saiba caminhar, nunca se enganando em tomar como certo e permanente, aquilo que nunca o poderá ser .
Cada sol que nasce poderá ou não sempre ser para nós, num jogo permanente onde toda a prudência é pouca e onde sempre arriscamos a nossa própria vida a todo o momento.
MP

2 comentários:

Narciso disse...

A contas com a nossa vida
Desembrulhando o passado
Ficamos de mãos frias
Com a alma no manado

Paulo disse...

O sol nasce para ninguém
Apenas cumpre o seu dever
Somos indiferentes ao mundo

Aparecemos em súbitas explosões
Prodigiosas quantidades de luz
Pacotinhos de energia viemos a ser

A vida não é um milagre
É o cancro da matéria
E o amor um devaneio